Teste não-invasivo detecta risco de fetos desenvolverem Síndrome de Down

Abordagem que também verifica risco para síndrome de Edwards tem potencial para reduzir amniocentese e biópsia de vilo corial

Utilizando um teste não-invasivo do sangue materno - que disponibiliza um novo ensaio bioquímico e um novo algoritmo para análise - é possível detectar, com alto grau de precisão, o risco de que um feto tenha as anormalidades cromossômicas que causam a síndrome de Down e uma doença genética conhecida como síndrome de Edwards.
A nova abordagem é mais escalável do que outros testes de rastreio genético recentemente desenvolvidos e tem o potencial de reduzir a amniocentese ou a biópsia de vilo corial (CVS) desnecessárias. Dois estudos que avaliaram esta abordagem estão disponíveis online anteriormente à publicação na edição de abril da American Journal of Obstetrics & Gynecology (AJOG).
O diagnóstico de anomalias cromossômicas, ou aneuploidias, depende de testes invasivos por amostragem vilo corial ou amniocentese nas gestações identificadas como de alto risco. Embora precisos, os testes são caros e implicam em risco de aborto. Uma técnica conhecida como sequenciação shotgun massivamente paralela (MPSS) que analisa o DNA livre de células (cfDNA) a partir do plasma da mãe para as condições fetais tem sido utilizada para detectar as gestações com trissomia 21 (T21), aquelas com uma cópia extra do cromossoma 21 que conduz à síndrome de Down e a trissomia 18 (T18), o defeito cromossômico subjacente à síndrome de Edwards. A MPSS identifica com precisão as condições por meio da análise de todo o genoma, mas requer uma grande quantidade de sequenciação de DNA, o que limita a sua utilidade clínica.
Cientistas da Aria Diagnóstics em San Jose, desenvolveram um novo ensaio, Digital Analysis of Selected Regions (DANSR), que sequencia loci apenas dos cromossomos sob investigação. O ensaio requer 10 vezes menos sequenciamento de DNA do que as abordagens MPSS.
Novo algoritmo
No estudo atual, os pesquisadores relatam em um novo algoritmo estatístico, o Fetal-fraction Optimized Risk of Trisomy Evaluation (FORTE), que considera os riscos relacionados com a idade e os percentuais de DNA fetal na amostra para fornecer um escore de risco individualizado para a trissomia. O autor Ken Song explicou que "quanto maior a fração de cfDNA fetal, maior será a diferença no número de fragmentos de cfDNA provenientes de cromossomas trissômicos contra dissonômicos [normais] e, portanto, o que é mais fácil de detectar trissomia. O algoritmo FORTE conta explicitamente a fração fetal no cálculo do risco de trissomia".
Para testar o desempenho do ensaio DANSR/FORTE, Song e os seus colegas avaliaram um conjunto que consistia de 123 gestações normais, 36 gestações T21 e 8 gestações T18. A todas as amostras foram atribuídas pontuações FORTE únicas para o cromossomo 18 e o cromossomo 21. A combinação de DANSR e FORTE identificou corretamente todos os 36 casos de T21 e os 8 casos de T18 como tendo um risco maior do que 99% para trissomia em uma análise cega. Havia uma separação de magnitude de separação de pelo menos mil vezes no escore de risco entre as amostras trissômicas e dissômicas. 
Estudo relacionado
Em um estudo relacionado, pesquisadores do Harris Birthright Research Centre for Fetal Medicine, no Reino Unido, forneceram 400 amostras de plasma materno para a Aria analisar utilizando o ensaio DANSR com o algoritmo FORTE. Os sujeitos estavam todos em risco para aneuploidias, e foram testados por amostragem vilo corial. A análise distinguiu todos os casos de T21 e 98% dos casos de T18 das gestações euploides. Em todos os casos de T21, o risco estimado para esta aneuploidia era maior ou igual a 99%, enquanto em todas as gravidezes normais e naquelas com T18, a pontuação de risco para T21 foi inferior a ou igual a 0,01%.
"Combinar o ensaio DANSR com o algoritmo FORTE fornece uma avaliação robusta e precisa do risco de trissomia fetal. Como o DANSR permite a análise de regiões genômicas específicas, pode ser utilizado para avaliar condições genéticas diferentes da trissomia. A incorporação das informações de risco adicionais, como as da ultra-sonografia, no algoritmo FORTE garante a pesquisa", disse Song.
Kypros H. Nicolaides, autor sênior do estudo da University of London, sugere que a avaliação da trissomia fetal com testes de cfDNA, inevitavelmente, será introduzida na prática clínica. "Seria útil como um contingente de teste secundário sobre os resultados de um método primário mais universalmente aplicável de triagem. A extensão em que ele pode ser aplicado como uma ferramenta de rastreio universal depende de o custo se tornar comparável com o dos métodos atuais de teste de ultra-sonografia e bioquímicos", disse ele.
Nicolaides também observa que as amostras de plasma foram obtidas a partir de gestações de alto risco nas quais há alguma evidência de função placentária deficiente. Também seria necessário demonstrar que a precisão observada com os testes de cfDNA obtida a partir da pesquisa das gestações de alto risco para aneuploidias é aplicável para a população em geral, na qual a prevalência de trissomia 21 fetal é muito menor. "Isso pode muito bem vir a ser o caso porque a capacidade de detectar aneuploidia com cfDNA depende da precisão do teste e da porcentagem de DNA fetal na amostra, em vez de depender da prevalência da doença na população do estudo", conclui.
Publicação: 26/02/12
Fonte: Isaúdenet