Dengue na gestação

Com o avanço nos registros de casos de dengue no Brasil a preocupação com as gestantes passou a ser caso de urgência, pois sabemos que é um grupo de mais risco, pois há maior mortalidade entre gestantes com dengue. Vários estudos apontam para uma maior mortalidade entre gestantes com dengue, além do risco de transmissão para o recém-nascido se a doença ocorrer próximo ao parto. Além do risco de hemorragia, especialmente durante a cesariana e após o aborto. Saber orientar, estabelecer um bom fluxo de atendimentos nas redes de saúde, além de explicar os sintomas e os diagnósticos diferenciais da doença

As constantes mudanças climáticas desse período estão entre os fatores que contribuem para a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a rápida transmissão da doença. No ritmo é provável que a transmissibilidade da doença seja muito alta. É de fundamental importância o uso de repelentes certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), durante toda a gestação como a picaridina, icaridina, N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), IR 3535 ou EBAAP. Os repelentes naturais, como óleos caseiros de citronela, andiroba e capim-limão, não possuem eficácia comprovada nem aprovação da Anvisa até o momento.

O ideal é evitar os criadouros, não deixando água parada, onde o mosquito pode proliferar e usar mecanismo de maneira a não se deixar ser picada pelo mosquito. A dengue pode se manifestar de forma assintomática, leve ou grave e levar à morte se não for diagnosticada precocemente e manejada de forma adequada. As gestantes com manifestações clínicas da dengue, devem procurar o mais rápido possível orientação de algum serviço de saúde, pois o diagnóstico precoce pode ser de extrema importância para o tratamento adequado.

Febre acompanhada de pelo menos dois outros sintomas como dor muscular, exantema, dor retro-orbital, artralgia, diarreia, náuseas e vômitos, são motivos para procurar imediatamente orientação médica, e essa suspeita é indicação para iniciar a hidratação de imediato, enquanto se aguarda os demais exames laboratoriais como hemograma por exemplo. Os exames complementares para diagnóstico da doença serão necessários, junto com a história clínica. Nos primeiros quatro a cinco dias de sintomas, o certo é fazer o teste de antígeno (NS1 ou o PCR) para avaliar a presença do vírus da dengue. Após esse período, deve-se solicitar a sorologia IgG e IgM para dengue.

Como não existem medicamentos específicos para combater o vírus da dengue, nos casos de menor gravidade, quando não há sinais de alarme, a recomendação é fazer repouso e ingerir bastante líquido. Toda gestante com dengue precisa ser avaliada diariamente e sempre com repetição do hemograma até 48 horas até o desaparecimento da febre. Nos casos mais simples, o acompanhamento ambulatorial é indicado. Mas se o estado dela for grave, com a presença de sinais de alarme, ela deve ser encaminhada para internação. Se houver sinais de choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos, a paciente deve ser tratada em unidade de terapia intensiva.

Embora a vacina contra a dengue não seja indicada para gestantes e lactentes, pois seu princípio imunizante baseia-se na presença de vírus vivos atenuados, seu uso é recomendado para mulheres que planejam engravidar, assim que houver maior disponibilidade do imunizante.

Se cuide e tenha uma gestação segura!