Resultados sugerem que uso de medicamentos para tratar a condição na gestação pode prevenir o atraso de desenvolvimento
Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriu que mães que apresentam febre durante a gravidez têm duas vezes mais chances de ter um filho com autismo ou atraso de desenvolvimento.
Os resultados sugerem que o uso de medicação para tratar a febre durante a gestação pode ajudar a prevenir o aparecimento dessas condições.
"O estudo nos ajudou a recomendar que as mulheres grávidas que apresentem febre tomem medicamentos anti-piréticos e procurem atendimento médico se a febre persistir", destaca o autor da pesquisa Ousseny Zerbo.
Os resultados são baseados em dados de uma grande investigação conhecida como o estudo Childhood Autism Risk from Genetics and the Environment (CHARGE) .
A pesquisadora Irva Hertz-Picciotto destaca que a febre é produzida por inflamação aguda, uma reação natural de curto prazo do sistema imunológico à infecção ou lesão, e que a inflamação crônica, que já não é benéfica e pode danificar o tecido saudável, pode estar presente em mães com anormalidades metabólicas como diabetes e obesidade.
"Uma vez que um estado inflamatório no corpo acompanha a obesidade e o diabetes, bem como febre, a teoria natural é de que fatores inflamatórios poderiam desempenhar um papel no autismo", afirma Hertz-Picciotto.
Segundo os pesquisadores, quando as pessoas são infectadas por bactérias ou vírus, o corpo geralmente reage com a montagem de uma resposta de cura que envolve a libertação de citocinas pró-inflamatórias a partir de células brancas do sangue para a corrente sanguínea. Algumas citocinas são capazes de atravessar a placenta e, portanto, atingir o sistema nervoso central fetal, potencialmente alterando os níveis de neurotransmissores e desenvolvimento do cérebro.
CHARGE inclui uma população diversificada de crianças de 2 a 5 anos. O estudo incluiu 538 crianças com autismo, 163 crianças com atraso no desenvolvimento e 421 crianças com desenvolvimento típico, cujas mães responderam a questionários padronizados sobre se tinham ou não febre durante a gravidez e se tomaram medicamentos para tratar suas doenças.
Os resultados mostraram que a febre de qualquer causa durante a gravidez foi muito mais provável de ser relatada por mães de crianças com autismo (2,12 vezes maior chance) ou atraso de desenvolvimento (2,5 vezes maior probabilidade), em comparação com mães de crianças que estavam se desenvolvendo normalmente.
A equipe sugere que mais investigação é necessária para identificar os caminhos por meio dos quais a inflamação pode alterar o desenvolvimento cerebral.
Publicação: 25/05/12
Fonte: Isaúde.net