Níveis de glicose no sangue próximo do momento da concepção foi o fator preditor mais importante do risco de anomalias
Mulheres grávidas com diabetes têm quatro vezes mais probabilidade de ter um bebê com defeito de nascença do que as mulheres sem a doença. É o que revelam pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido.
Os resultados da pesquisa, publicada na revista Diabetologia, sugerem que um em cada 13 bebês nascidos de mulheres com diabetes tipo 1 ou 2 têm uma anomalia congênita, também conhecida como defeito de nascença.
O estudo também mostra que os níveis de glicose no sangue próximo do momento da concepção foi o fator preditor mais importante do risco de anomalia congênita como mielomeningocele, ou espinha bífida, fechamento incompleto do canal da coluna vertebral.
Para o trabalho, a equipe avaliou mais de 400 mil gestações no nordeste da Inglaterra entre 1996 e 2008.
Os resultados levaram os médicos britânicos a intensificar o aconselhamento a mulheres com diabetes que estão pensando em engravidar para fazê-las entender a importância de um planejamento cuidadoso.
Os médicos já aconselham as mulheres a controlar o nível de açúcar no sangue antes de tentar engravidar. No Reino Unido essa recomendação é de que o nível de açúcar fique abaixo de 6,1% antes da gravidez.
Os resultados ressaltam que tanto o diabetes tipo 1, que tende a aparecer na infância, e o tipo 2, que se desenvolve em decorrência da alimentação, levam a problemas de controle do nível de açúcar no sangue, e podem ter como consequência defeitos de nascença, aborto e excesso de peso do bebê.
Segundo a autora da pesquisa, Ruth Bell, a boa notícia é que, com ajuda de um especialista antes e durante a gravidez, a maioria das mulheres com diabetes terá um bebê saudável. "O risco de problemas podem ser reduzidos tomando cuidado extra para ter o melhor controle da glicemia antes de engravidar. Qualquer redução nos níveis de glicose é susceptível de melhorar as chances de um bebê saudável", afirma.
Pesquisas anteriores já haviam estabelecido que o diabetes aumenta a chance de defeitos de nascença, mas este é um dos primeiros estudos a quantificar o efeito dos níveis de glicose.
A análise mostrou que o risco de um defeito de nascença nas gestações de mulheres com diabetes tipo 1 ou 2 foi de 7% em comparação com uma média de cerca de 2% em gestações onde a mãe não tem diabetes.
Os dados mostraram ainda que a chance de um defeito de nascença foi reduzida significativamente em mulheres com diabetes que tinham níveis de glicose no sangue dentro dos valores recomendados.
Segundo os pesquisadores, este estudo oferece evidências claras de que embora as mulheres com diabetes possam estar em maior risco de terem bebês com defeito de nascença, elas ainda podem fazer algo positivo para reduzir essa probabilidade, monitorando cuidadosamente o nível de glicose no sangue e tentando reduzi-lo.
Publicação: 08/02/12
Fonte: Isaúdenet