Nem toda gestante obesa apresenta risco aumentado de complicações na gravidez

Apesar do alto consumo calórico, muitas pacientes carecem de suplemento vitamínico para evitar problemas mais sérios

Na última edição do jornal americano Seminars in Perinatology, a especialista em medicina fetal Loralei Thornburg relata as principais mudanças e obstáculos que as gestantes obesas devem superar, chamando atenção para o fato de que, apesar do alto consumo calórico, muitas pacientes carecem de suplemento vitamínico para evitar problemas mais sérios.
Para o diretor do Fertility - Centro de Fertilização Assistida, Assumpto Iaconelli Júnior, especialista brasileiro em reprodução humana, as deficiências em ferro, ácido fólico e vitamina B12 são mais relevantes, mas uma abordagem adequada pode minimizar grande parte dos riscos relacionados à obesidade materna.
"O excesso de gordura afeta a ovulação por conta da sensibilidade à insulina, do excesso de hormônio masculino e excesso de leptina - que é um hormônio protéico específico, produzido e secretado pelo tecido adiposo. Ou seja, a obesidade pode dificultar a gravidez e afeta a saúde reprodutiva principalmente nos primeiros estágios da gestação - aumentando as chances de aborto. Uma adequação da dieta e a prática regular de exercícios físicos podem contribuir muito para se atingir o objetivo da maternidade", diz o especialista.
Ele chama atenção para a importância de se reduzir drasticamente o consumo de gordura trans e de carne vermelha, aumentando a quantidade de proteína vegetal, fibras e carboidratos de baixo índice glicêmico, além de alimentos à base de leite integral. "É importante que essa paciente evite comer bolachas recheadas, refrigerantes e chocolates, além de embutidos e enlatados de modo geral. Com uma dieta equilibrada e saudável, as chances de sucesso da fertilização assistida também aumentam consideravelmente".
Na opinião do médico, a condição nutricional feminina tem influência direta, também, em determinadas doenças que merecem um acompanhamento mais intenso em face da gravidez, como a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos. "O estresse oxidativo é um dos fatores que contribuem para a endometriose, por exemplo. Portanto, é importante que a paciente evite o consumo de alimentos embutidos e carnes vermelhas, substituindo-os por peixes, verduras, legumes e frutas. Aliás, o ômega 3 - encontrado em peixes como salmão, atum, sardinha e bacalhau - é um tipo de ácido graxo essencial que exerce uma ação anti-inflamatória significativa".
Quanto à síndrome dos ovários policísticos, o excesso de peso está presente na maioria das pacientes. "Nesses casos, a perda entre 5% e 10% do peso corporal normalmente reduz a concentração de insulina, regulariza o ciclo menstrual e a ovulação, além de melhorar a fertilidade da paciente. Há situações em que uma suplementação contendo vitaminas do complexo B contribui para reduzir os riscos de infertilidade por falta de ovulação", diz Iaconelli, que destaca a importância de se avaliar a condição nutricional de cada paciente que está enfrentando dificuldades para engravidar.
Publicação: 19/01/12
Fonte: Isaúdenet