Filhos de pacientes que passarem por estes procedimentos durante a infância não possuem risco aumentado de defeitos congênitos
Estudo realizado nos Estados Unidos afirma que tratamento de radioterapia e/ou quimioterapia contra o câncer durante a infância não aumenta risco de que esses pacientes tenham filhos com defeitos congênitos mais tarde.
Os cientistas da Vanderbilt University, no Tennessee, e do International Epidemiology Institute, em Maryland, analisaram os prontuários médicos dos filhos de sobreviventes do câncer que já haviam recebido radioterapia ou quimioterapia e os comparou com estatísticas equivalentes sobre os filhos de sobreviventes do câncer que não foram submetidos a tais tratamentos.
Os pesquisadores, escrevendo na Journal of Clinical Oncology, concluíram que os filhos de sobreviventes do câncer não estavam em maior risco de defeitos congênitos decorrentes da exposição de seus pais à quimioterapia ou à radioterapia.
A autora principal, Lisa Signorello, disse que os pacientes de câncer infantil frequentemente recebem tratamentos intensivos que podem salvar suas vidas, mas que podem afetar a sua capacidade de ter filhos no futuro.
Pesquisas anteriores já sugeriram que o dano ao DNA decorrente do tratamento de um dos pais não é transmitido aos seus descendentes.
Mas a equipe disse que um dos pontos fortes de seu estudo foi a comparação com os filhos de outros sobreviventes do câncer, em vez de se comparar aos filhos de pessoas aleatoriamente amostradas da população em geral.
Signorello disse que os indivíduos na população geral podem não ser tão minuciosos ao relatar os problemas de saúde de seus filhos quanto os sobreviventes de câncer infantil.
Enquanto isso, os filhos de sobreviventes do câncer podem estar sob vigilância clínica elevada, o que pode levar à impressão de que eles têm uma maior taxa de defeitos congênitos.
No entanto, os pesquisadores descobriram que a prevalência geral de defeitos congênitos entre os filhos de sobreviventes do câncer foi muito semelhante à relatada na população em geral.
A equipe usou informações contidas no Childhood Cancer Survivor Study, que abrange mais de 20 mil sobreviventes de câncer infantil diagnosticados entre 1970 e 1986.
Eles analisaram dados de 4.699 filhos de 1.128 homens e de 1.627 mulheres que eram sobreviventes de câncer infantil.
Eles encontraram defeitos genéticos congênitos em 3% das crianças nascidas de mães que que foram tratadas com radioterapia ou com quimioterapia prejudicial ao DNA.
Este resultado foi comparado com 3,5% dos filhos de mães que eram sobreviventes do câncer, mas não sofreram tais exposições.
Apenas 1,9% dos filhos dos sobreviventes do câncer do sexo masculino que receberam esses tratamentos prejudiciais ao DNA tinham tais defeitos congênitos, em comparação com 1,7% dos filhos dos sobreviventes do câncer do sexo masculino que não passaram por este tipo de tratamento.
As descobertas podem fornecer garantia extra para os sobreviventes do câncer que estão preocupados com os potenciais efeitos do tratamento sobre seus filhos.
Martin Ledwick, enfermeira-chefe de informação do Cancer Research UK disse que "Quando tornam-se pais ou estão pensando em tornarem-se pais, os sobreviventes de câncer infantil frequentemente preocupam-se com o impacto que o seu tratamento prévio pode ter sobre os seus próprios filhos. Este estudo acrescenta aos dados anteriores que podem assegurar a eles que é improvável que o seu tratamento para o câncer leve seus filhos a ter defeitos congênitos".
Publicação: 03/01/12
Fonte: Isaudenet.