Prática de exercícios físicos não reduz risco de diabetes gestacional

Estudo mostra que mulheres que se exercitam na segunda metade da gravidez não estão em menor risco de ter a condição

Mulheres grávidas que se exercitam regularmente durante a segunda metade da gestação não reduzem chances de desenvolver diabetes relacionado à gravidez. É o que aponta estudo conduzido pela Norwegian University of Science and Technology, na Noruega.
De acordo com informações publicadas pela Reuters, a descoberta foi realizada quando pesquisadores atribuíram aleatoriamente 855 mulheres grávidas para qualquer exercício três vezes por semana ou para fazer apenas o pré-natal regular. Dados colhidos no estudo mostraram que as mulheres que fizeram exercícios não foram menos propensas a desenvolver diabetes gestacional.
No terceiro trimestre, 7% das mulheres do grupo de exercício tinham sido diagnosticadas com diabetes gestacional, contra 6% do grupo de comparação.
Os resultados foram surpreendentes, de acordo com a pesquisadora Signe N. Stafne da Norwegian University of Science and Technology, em Trondheim.
Para a população geral, o exercício é considerado uma parte importante da prevenção e do tratamento da diabetes tipo 2 - a forma comum do diabetes que mais frequentemente surge durante a meia-idade ou mais tarde.
É possível, Stafne disse à Reuters Health por email, que o exercício não tenha sobre o diabetes gestacional o mesmo efeito que tem sobre o diabetes tipo 2.
Mas mesmo se isso for verdade, Stafne apontou, ainda há razões para as mulheres grávidas fazerem exercício físico moderado: incluindo a sua saúde geral e a manutenção do ganho de peso dentro dos limites recomendados.
Estima-se que até 14% das mulheres grávidas em todo o mundo desenvolvam o diabetes gestacional, no qual os níveis de açúcar no sangue sobem muito. A condição desaparece após o parto, mas faz aumentar o risco de determinados outros problemas de gravidez - como ter um bebê anormalmente grande, o que pode exigir uma cesariana.
As mulheres com diabetes gestacional também correm um risco maior do que o normal de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida.
Apesar de o exercício poder reduzir o risco das pessoas para o diabetes tipo 2, não ficou claro se ele pode afastar o diabetes gestacional.
Assim, para o novo estudo, a equipe de Stafne designou aleatoriamente 855 mulheres grávidas para participar de um programa de exercício supervisionado ou para apenas continuar o seu tratamento pré-natal normal.
Todas as mulheres estavam entre a 18ª e a 22 ª semana de gravidez. As do programa de exercícios foram a uma aula de uma hora uma vez por semana durante 12 semanas - fazendo exercícios aeróbicos de baixo impacto, além exercícios de fortalecimento e alongamento. Elas também receberam um treino para fazerem casa duas vezes por semana.
No final, o programa de exercícios não mostrou qualquer efeito sobre as taxas de diabetes gestacional.
Mas um obstetra que não está envolvido no estudo alertou que as descobertas não significam que o exercício não ajude nem um pouco as mulheres grávidas.
Uma questão fundamental é que apenas 55% das mulheres no grupo de exercícios realmente prenderam-se à sua rotina, disse Rita W. Driggers, diretora do programa de bolsas de medicina materno-fetal no Washington Hospital Center, em Washington, D.C..
O que o estudo mostra mais claramente é que é difícil fazer com que as mulheres grávidas exercitem-se regularmente, Driggers disse à Reuters Health por e-mail - assim como é difícil conseguir que as pessoas em geral exercitem-se, observou ela.
Ela também apontou que apenas 13% das mulheres no estudo exercitaram-se em uma intensidade de moderada a alta três vezes por semana quando entraram no estudo. E esse é o nível de exercícios que elas foram convidadas a adotar.
Pode ter sido pedir muito para muitas das mulheres, de acordo com Driggers.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas sugere que as mulheres grávidas saudáveis tentem ser ativas - com atividades moderadas como caminhar - durante 30 minutos por dia, na maioria ou em todos os dias da semana.
Uma possível explicação para os resultados do estudo, segundo Stafne, é que começar o exercício a partir do segundo trimestre é tarde demais. "Pode ser que o exercício antes da gravidez e no início da gravidez seja mais importante, devido às mudanças metabólicas que ocorrem no início da gravidez", disse ela.
As mulheres deste estudo também corriam um risco relativamente baixo para o diabetes gestacional, pois estavam na faixa de peso normal, em média, quando entraram no estudo.
Um estudo centrado nas mulheres com sobrepeso e obesidade - que estão em risco aumentado de diabetes gestacional - pode encontrar resultados diferentes, Stafne disse.
Em geral, a pesquisadora observou, são necessários mais estudos para descobrir a melhor forma de diminuir o risco das mulheres para o diabetes relacionado à gravidez.
"Ainda há muitas perguntas não respondidas sobre o diabetes gestacional e sobre a prevenção dele", disse Stafne.
Publicação:29/12/11
Fonte: Isaúdenet