Mulheres diabéticas têm risco aumentado de passar por cesariana de emergência

Contração uterina em gestantes diabéticas é mais fraca, o que aumenta risco de complicações no parto

Pesquisadores da University of Liverpool, no Reino Unido, descobriram que a força das contrações uterinas em gestantes diabéticas é significativamente menor, o que aumenta risco de nascimento por cesariana de emergência.
Na última década, a prevalência de partos complicados por diabetes aumentou em aproximadamente 50%. No entanto, muito poucas pesquisas foram realizadas para entender porque apenas um quarto dos partos são normais.
Os pesquisadores da universidade, trabalhando junto ao Liverpool Women's Hospital, estudaram mais de cem biópsias do útero de mulheres grávidas com e sem diabetes. Eles descobriram que as contrações nas mulheres que tiveram a doença não eram tão fortes quanto as que ocorriam nas mulheres não diabéticas. Para entender por que isso acontece, a equipe analisou as possíveis diferenças nas mudanças no cálcio dentro das células musculares, pois este é o componente essencial das contrações uterinas.
Os níveis de cálcio no útero deveriam subir para permitir que o músculo se contraia de forma eficaz. Os pesquisadores descobriram, entretanto, que nas mulheres com diabetes, os níveis de cálcio são significativamente reduzidos. A observação posterior revelou que os canais na membrana da célula, que são necessários para que o cálcio entre nas células, também foram reduzidos. Isto sugere porque o útero pode não contrair tão fortemente como deveria nas mulheres com diabetes.
O tecido do útero nas mulheres diabéticas também não conseguiu atingir o mesmo nível de contratilidade das não diabéticas, quando estimulado com a droga oxitocina, um tratamento comumente usado para mulheres que vivenciam partos difíceis. A pesquisa sugere o motivo pelo qual tantas gestações em mulheres diabéticas resultam em uma cesariana de emergência.
A professora Sue Wray, do Institute of Translational Medicine da University of Liverpool, disse que "A cada ano, cerca de 35 mil mulheres grávidas no Reino Unido têm diabetes e algumas mulheres desenvolvem a doença durante a gravidez, uma condição chamada diabetes gestacional. Sabemos que mais de 60% dessas mulheres precisam de cesariana para ter um parto bem sucedido. Essas grandes operações aumentam o risco de complicações e de infecções, de sangramento excessivo e de hemorragia. Até agora não sabemos por que as mulheres diabéticas sofrem partos tão complicados, mas é importante que mais trabalho seja feito neste campo para evitar o aumento de cesarianas de emergência. O nosso trabalho mostra que o cálcio é inibido para entrar nas células musculares. Isto, juntamente com evidências de redução da massa muscular em geral, contribui para a contratação fraca do útero nas mulheres com diabetes. Estudos futuros para ajudar as mulheres diabéticas devem agora concentrar-se sobre o motivo pelo qual a condição causa estas alterações em primeira instância, e se há alguma maneira de impedir que isso aconteça". 
Publicação: 07/12/11
Fonte: Isaúdenet