Exposição ao bisfenol A no útero leva a problemas comportamentais em meninas

 

Estudo mostra que exposição ao agente químico está associada com problemas comportamentais e emocionais em mulheres jovens

A exposição ao bisfenol A (BPA) ainda no útero está associada com problemas comportamentais e emocionais em mulheres jovens, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Harvard School of Public Health (HSPH), nos Estados Unidos.

Os resultados revelam que a exposição ao agente químico foi associada com mais problemas comportamentais aos 3 anos de idade, especialmente nas meninas.
O produto químico usado para fazer recipientes de plástico e outros bens de consumo é encontrado em muitos produtos incluindo guarnições de alimentos enlatados, plásticos de policarbonato e selantes dentários. A maioria das pessoas que vive em nações industrializadas está exposta ao BPA. BPA interfere no desenvolvimento normal de animais e tem sido associado com doenças cardiovasculares e diabetes em humanos. Em um estudo de 2009, os pesquisadores mostraram que consumir água de garrafas de policarbonato aumentou o nível de BPA detectado na urina.
Para a pesquisa atual, a equipe coletou dados de 244 mães e seus filhos com 3 anos de idade. As mães forneceram três amostras de urina durante a gravidez e no nascimento, que foram testadas para BPA; os bebês foram testados a cada ano de idade até os 3 anos.
Quando as crianças atingiram 3 anos, as mães completaram pesquisas sobre o comportamento dos filhos. "Nenhuma das crianças tinha um comportamento clinicamente anormal, mas algumas tinham mais problemas de comportamento do que outras. Assim, examinamos a relação entre a concentração de BPA da mãe e das crianças e os comportamentos diferentes", relata o autor do estudo, Joe Braun.
BPA foi detectado em mais de 85% das amostras de urina das mães e mais de 96% das amostras das crianças. Os pesquisadores descobriram que as concentrações de BPA materna foram semelhantes entre a primeira amostra e o nascimento. Já os níveis das crianças diminuíram entre os três primeiros anos, mas foram maiores e mais variáveis do que o das mães.
Após o ajuste para possíveis fatores contribuintes, o aumento das concentrações de BPA gestacional foi associado com mais comportamentos hiperativos, agressivos, ansiosos e deprimidos e menor controle emocional e inibição nas meninas. Esta relação não foi observada nos meninos.
O estudo confirma dois estudos anteriores mostrando que a exposição ao BPA no útero tem impacto no comportamento das crianças. "A exposição gestacional, mas não infantil, ao BPA causa impacto na função neurocomportamental, e as meninas parecem ser mais sensíveis ao BPA que os meninos", afirma o pesquisador.
Apesar de mais pesquisas serem necessárias para compreender plenamente os efeitos na saúde da exposição ao BPA, os clínicos já podem aconselhar a reduzir a exposição ao BPA, evitando alimentos enlatados e embalados e garrafas de policarbonato.
Publicação: 24/10/2011
Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/22132/geral/exposicao-ao-bisfenol-a-no-utero-leva-a-problemas-comportamentais-em-meninas